O uso terapêutico da cannabis medicinal foi tema no plenário da Câmara dos Vereadores de São Paulo na última semana. Homenageado em ato solene, o Dr. Thiago Marra falou sobre a acessibilidade de procedimentos à população e a importância da cannabis para fins terapêuticos, discutindo regulamentação e modernização das leis à sombra de pacientes que se beneficiaram do tratamento.
A matéria-prima necessária da cannabis tem um custo de importação muito alto: o custo para 20 ml do Canabidiol Prati-Donaduzzi (200 mg/ml), por exemplo, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), fica na casa dos R$ 2,6 mil. Para baratear isso, uma solução é regulamentar o plantio no Brasil, o que também aceleraria o início de tratamentos com a substância.
Outra questão importante é a capacitação profissional: há poucos médicos que podem diagnosticar condições potencialmente tratáveis pela cannabis e prescrever seu uso. Entre 2015 e 2021, o país recebeu mais de 70,4 mil pedidos da medicação, e a Anvisa concedeu importação para produtos à base de cannabis para 2.101 formulários preenchidos.
Já em 2021, o número subiu 15 vezes, com 32.416 liberações. Atualmente, há 2.100 prescritores, um crescimento de 554,2% se comparado ao início da liberação, em 2015. O problema é que, de 502.475 médicos atuantes no Brasil, os capacitados para prescrever a cannabis representam apenas 0,42% deles, pouco para suprir a demanda do medicamento.
Em termos econômicos, o mercado da cannabis medicinal movimentou R$ 130 milhões no país em 2021, mas, caso seja regulamentado devidamente, pode chegar a movimentar até R$ 26,1 bilhões até 2025, segundo estimativas.
Alta demanda e alto custo são alguns dos fatores que mais travam os derivados da cannabis no Brasil, e a luta para tornar o remédio mais acessível depende de uma especialização profissional e movimentação no congresso. Há um projeto que pode liberar o cultivo da maconha para fins medicinais, o Projeto de Lei 399/15, que teve parecer favorável no congresso, mas continua estagnado.
Como a cannabis pode ajudar
Entre as condições que poderiam ter seus sintomas amenizados pelo uso da substância, estão Parkinson, Alzheimer, câncer, fibromialgia, ansiedade, esclerose múltipla, dores crônicas, enxaqueca, paralisia cerebral, depressão, TEA - autismo e muitas outras. Com seu uso, os pacientes com casos como esses teriam a qualidade de vida aumentada significativamente.
Marra busca, através da Associação Brasileira dos Profissionais de Saúde (ABRAPROS) ajudar pacientes como esses através de projetos de investimento, treinamento e capacitação de profissionais e avanço de projetos de lei como o relativo à cannabis. Ele também busca aumentar a acessibilidade de procedimentos à população LGBTQIA+, já que é cirurgião plástico e realiza cirurgias como a mastectomia para homens trans.